DESABAFO - PROF. GILDO JUNIOR

Ao assistir ao jornal mais importante da tv aberta, o Jornal Nacional, que dedicou a maior parte de sua edição referindo-se ao fato ocorrido em uma escola de Realengo, no município do Rio, resolvi escrever um desabafo sobre as impressões que tive acerca do ocorrido. Quanta violência! Quanto sangue derramado de forma fria! Quanto desespero! O Brasil chora e veste o luto pelos "brasileirinhos", tirados tão cedo do convívio de seus pais, amigos e familiares. Triste quinta-feira!
Uma primeira referência faço ao atirador. Um jovem, com apenas 23 anos de idade, recatado, tímido, que dedicava horas e horas à internet, buscando-a apenas para arquitetar esse plano que marcará para sempre a história do Brasil. Segundo um irmão, que concedeu uma entrevista exclusiva ao canal, bem mais jovem ele já manifestava o desejo de derrubar um avião, como fizeram no 11 de setembro. Pergunto-me: o que pode levar um jovem a pensar assim, a querer o mal dos outros, a buscar a destruição de vidas como forma de satisfação? Por que não alicerçar a sua vida em valores mais sólidos, pensando em contribuir para o progresso do país, para a sua felicidade e a dos demais? Por que, ao invés de sacrificar tantas vidas, ele não buscou colaborar na efetivação das mesmas? São perguntas que nós, na nossa limitação humana, não poderemos responder pronta e imediatamente, mas certamente é reflexo de uma sociedade cada vez mais distante dos valores essenciais à vida. Caberá a Deus realizar o julgamento, segundo a vontade do seu coração de Pai.
Um segundo ponto que me chamou a atenção é a solidariedade do povo brasileiro, num momento de desespero e dor. Centenas de pessoas ouviram os apelos e procuraram os hemocentros para doarem sangue às vítimas, outras abriram suas casas para acolher os alunos que fugiam atormentados ou que foram atingidos pelos tiros; outros, perplexos, ainda pararam seus veículos para ajudar no socorro imediato às vítimas e muitos médicos e enfermeiros fizeram uma verdadeira corrente em prol das vítimas desse atentado, sem precedentes. Nos altos e baixos da nossa realidade, o povo brasileiro ainda dá sinais de que um novo tempo é possível.
Menciono duas cenas que me deixaram com um nó na garganta: uma mãe comunicando ao seu esposo a morte da filha, através de uma ligação de celular e uma menina de nome Jade, tão simples, mas tão eloquente quando expôs a sua visão sobre o crime, relatando em detalhes o que havia acontecido, expressando que, a todo momento, orava a Deus para que nada de ruim ocorresse com ela. Duas realidades que se somam às de tantas famílias que velarão mais de dez crianças que tinham todo um futuro pela frente.
Concluo com um recado aos jovens: não se deixem levar pelas iniciativas que visam atacar a dignidade do outro, pois o seu próximo também precisa ser respeitado. Canalizem as suas energias para coisas positivas, saudáveis, que possam torná-los plenamente felizes e realizados. Abandonem qualquer tipo de agressividade, mas dialogue, aceitando o outro como o seu próximo. Utilizem as novas tecnologias como fonte de pesquisa, permitindo a busca pelo conhecimento e por novos amigos, dizendo "não" a qualquer tipo de movimento que estimule a violência e o conflito. E, acima de tudo, busquem a Jesus, o Príncipe da Paz, o valor mais importante, que preenche os vazios e nos faz mais dignos da nossa condição humana.